
Hiroshi Tanaka ao lado da boneca Saori, com quem vive há 15 anos
Uma história que desafia o conceito tradicional de amor
O começo de tudo: quem é Hiroshi Tanaka?
Hiroshi Tanaka, um japonês de 58 anos, vive nos arredores de Tóquio e há 15 anos compartilha sua vida com Saori, uma boneca inflável em tamanho real. Para muitos, isso pode parecer um comportamento excêntrico ou até mesmo um sinal de isolamento, mas Hiroshi garante que o relacionamento é baseado em carinho, respeito e amor genuíno.
Saori foi adquirida por Hiroshi em um momento de profunda solidão. Após anos vivendo sozinho e lidando com uma depressão não diagnosticada, ele encontrou na presença silenciosa de Saori uma companhia que preencheu o vazio emocional deixado por anos de relacionamentos frustrados e afastamento familiar.
Como a sociedade reage a esse tipo de relacionamento?
Ao contrário do que muitos imaginam, Hiroshi não esconde seu relacionamento. Ele sai com Saori para passeios de bicicleta, vai a cafés e até participa de eventos sociais. A recepção varia de olhares curiosos a críticas abertas, mas Hiroshi afirma que o julgamento alheio já não o afeta.
“No início, as pessoas riam. Mas com o tempo, perceberam que não era uma piada. Eu a trato com respeito. E ela me devolve paz”, afirma.
O que dizem os especialistas?
Segundo a psicóloga japonesa Keiko Watanabe, “relacionamentos com objetos são mais comuns do que se pensa e geralmente envolvem uma ligação emocional real. O cérebro humano pode formar conexões afetivas com representações simbólicas de afeto e segurança.”
Já o sociólogo francês Pierre Lafitte aponta que vivemos em uma era de redefinição de afetos. “A busca por amor deixou de seguir o padrão tradicional. Hoje, o sentimento prevalece sobre a forma”, analisa.
Casos semelhantes ao redor do mundo
Embora Hiroshi seja um dos mais conhecidos, ele não está sozinho. Em Moscou, uma mulher chamada Irina vive com um manequim há 8 anos. Nos Estados Unidos, um ex-militar afirma ter se casado com um robô interativo e relata melhora significativa na sua saúde mental.
Esses casos, embora incomuns, são exemplos de uma tendência crescente: a humanização de objetos como resposta ao isolamento social e à dificuldade de formar vínculos tradicionais.
Impacto emocional e psicológico
Especialistas concordam que, para algumas pessoas, relações não convencionais podem oferecer estabilidade emocional. O importante, segundo a terapeuta Keiko Watanabe, é que esse tipo de relação não prejudique a funcionalidade social e emocional do indivíduo.
“Se a pessoa continua capaz de trabalhar, interagir socialmente e manter uma rotina saudável, então o relacionamento – mesmo com um objeto – pode ser considerado funcional”, afirma.
Estudos sobre relações com objetos
Pesquisas publicadas na Revista Internacional de Psicologia Social mostram que a chamada “objetofilia” – atração emocional e sexual por objetos – está ligada à necessidade de controle, segurança emocional e ausência de julgamentos.
Entre os voluntários estudados, 37% relataram sentir-se mais felizes e produtivos desde que iniciaram esse tipo de vínculo. O que era tabu está, pouco a pouco, ganhando contornos de compreensão psicológica.
Sabia que?
Sabia que no Japão existem mais de 10 mil bonecas de companhia vendidas por ano, com direito a personalização, roupas, perfumes e até histórico fictício criado pelo cliente?
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Você teria um relacionamento com um objeto inanimado?
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